De Retalho em Retalho com Marianice Paupitz Nucera
Quando o inverno chegar, eu hei de desejar o verão, é sempre assim nunca estamos satisfeitos a vida é uma eterna expectativa
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
De retalho em Retalho De retalho em Retalho
Durante minha infância, adolescência, juventude, vi meu pai a molhar tecidos, pendurá-los nos varais, e depois levá-los a alfaiataria onde confeccionava, camisas, calças, toda vestimenta masculina e feminina.
Uma vez perguntei-lhe o por quê de molhar os panos vindos das lojas, uma vez que eles estavam limpinhos, ele me deu uma breve explicação. Os tecidos viam das tecelagens com muita goma, então havia necessidade de uma primeira molhada, para que quando fosse feita a roupa ela não encolhesse.
Depois dos trajes confeccionados, sobravam retalhos, muitos retalhos, os quais minha mãe os vendia para as vizinhas que faziam daqueles pedaços de tecidos, muitas colchas, fronhas, fuxicos, era realmente um aproveitar de todo e qualquer minúsculo pano que sobrava dos tecidos cortados.
O trabalho destas verdadeiras artesãs, ficava muito bonito, muitas das vizinhas vendiam e tinham seus lucros, depois acertavam com minha mãe, o valor que ficavam devendo, as vezes, nem ficavam, já pagavam quando da compra dos retalhos.
Os minúsculos panos eram reaproveitados, isto há mais de trinta anos já se fazia reciclagem, sem nenhuma informação.
Tudo era reaproveitável. Lembro-me também que meu avô tinha uma bela horta em seu quintal, junto a um pomar, onde lá mesmo ele fazia adubo orgânico, deixando sua horta com uma aparência muito saudável, e também as árvores frutíferas, época que tudo era fartura.
Num piscar de olhos,( passou tão rápido,) hoje me vejo na casa dos sessenta anos e me pergunto, o que é a vida senão uma colcha de retalhos?
De menina a minha idade atual, fui juntando retalhos da vida, do cotidiano, do palavreado da humanidade, dos politiqueiros, dos farristas , dos irresponsáveis dos de boas índoles, daqueles que ainda não encontraram o motivo de sua vinda a esta dimensão.
Você pode não acreditar, mas de minha mente saem contos e crônicas, que você que está lendo esta crônica, irá se identificar, pois não existe nenhum daqueles retalhos relatados que não sejam baseados na vida.
Tudo eu captei como uma esponja, que agora se espreme, saindo de dentro dela histórias, de todos os tamanhos, de todas as cores de todas as dimensões, e através destes retalhos fiz um livro de crônicas e contos.
Tudo parece muito simples, se pensar bem é, um paninho daqui outro de lá, de seda, de lã, outro de flanela,tergal, malha, uma palavra triste, outra alegre, um sorriso maroto, outro sincero, são sinônimos de retalhos, que como mágica juntei, alinhavei , costurei, agora ofereço a , meus caros leitores, uma enorme colcha de retalhos que vocês, vão se deliciar em uma leitura que os prenderá. Pois apesar de fatos corriqueiros, são historias que às vezes a gente acha que não acontece, é uma reunião de fuxicos, feitos de tiras de todas as cores e tamanhos que irão fazer você viajar numa tarde de sábado a beira, de um rio qualquer, ou na praia, ou quem sabe a beira do rio Tiete!
Estou lhe comunicando que dia 13/12/2013. Lançarei no MAAP(secretaria da Cultura) o meu primeiro livro que se chama “de Retalho em Retalho”as 20hs, gostaria muito caro leitor que me le, de vez em quando, aqui neste soletrando,que comparecesse.
Sua presença será a complementação deste evento e o alicerce da minha plenitude.
Estou publicando este livro graças a um projeto realizado com o apoio do Governo do Município de Araçatuba, Secretaria Municipal de Cultura- Fundo Municipal de Apoio à cultura-Conselho municipal de Políticas Culturais-Programa de Fomento a Cultura – 2013.
Marianice Paupitz Nucera – coordenadora do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Araçatuba e Membro da UBE (União Brasileira de escritores)
Durante minha infância, adolescência, juventude, vi meu pai a molhar tecidos, pendurá-los nos varais, e depois levá-los a alfaiataria onde confeccionava, camisas, calças, toda vestimenta masculina e feminina.
Uma vez perguntei-lhe o por quê de molhar os panos vindos das lojas, uma vez que eles estavam limpinhos, ele me deu uma breve explicação. Os tecidos viam das tecelagens com muita goma, então havia necessidade de uma primeira molhada, para que quando fosse feita a roupa ela não encolhesse.
Depois dos trajes confeccionados, sobravam retalhos, muitos retalhos, os quais minha mãe os vendia para as vizinhas que faziam daqueles pedaços de tecidos, muitas colchas, fronhas, fuxicos, era realmente um aproveitar de todo e qualquer minúsculo pano que sobrava dos tecidos cortados.
O trabalho destas verdadeiras artesãs, ficava muito bonito, muitas das vizinhas vendiam e tinham seus lucros, depois acertavam com minha mãe, o valor que ficavam devendo, as vezes, nem ficavam, já pagavam quando da compra dos retalhos.
Os minúsculos panos eram reaproveitados, isto há mais de trinta anos já se fazia reciclagem, sem nenhuma informação.
Tudo era reaproveitável. Lembro-me também que meu avô tinha uma bela horta em seu quintal, junto a um pomar, onde lá mesmo ele fazia adubo orgânico, deixando sua horta com uma aparência muito saudável, e também as árvores frutíferas, época que tudo era fartura.
Num piscar de olhos,( passou tão rápido,) hoje me vejo na casa dos sessenta anos e me pergunto, o que é a vida senão uma colcha de retalhos?
De menina a minha idade atual, fui juntando retalhos da vida, do cotidiano, do palavreado da humanidade, dos politiqueiros, dos farristas , dos irresponsáveis dos de boas índoles, daqueles que ainda não encontraram o motivo de sua vinda a esta dimensão.
Você pode não acreditar, mas de minha mente saem contos e crônicas, que você que está lendo esta crônica, irá se identificar, pois não existe nenhum daqueles retalhos relatados que não sejam baseados na vida.
Tudo eu captei como uma esponja, que agora se espreme, saindo de dentro dela histórias, de todos os tamanhos, de todas as cores de todas as dimensões, e através destes retalhos fiz um livro de crônicas e contos.
Tudo parece muito simples, se pensar bem é, um paninho daqui outro de lá, de seda, de lã, outro de flanela,tergal, malha, uma palavra triste, outra alegre, um sorriso maroto, outro sincero, são sinônimos de retalhos, que como mágica juntei, alinhavei , costurei, agora ofereço a , meus caros leitores, uma enorme colcha de retalhos que vocês, vão se deliciar em uma leitura que os prenderá. Pois apesar de fatos corriqueiros, são historias que às vezes a gente acha que não acontece, é uma reunião de fuxicos, feitos de tiras de todas as cores e tamanhos que irão fazer você viajar numa tarde de sábado a beira, de um rio qualquer, ou na praia, ou quem sabe a beira do rio Tiete!
Estou lhe comunicando que dia 13/12/2013. Lançarei no MAAP(secretaria da Cultura) o meu primeiro livro que se chama “de Retalho em Retalho”as 20hs, gostaria muito caro leitor que me le, de vez em quando, aqui neste soletrando,que comparecesse.
Sua presença será a complementação deste evento e o alicerce da minha plenitude.
Estou publicando este livro graças a um projeto realizado com o apoio do Governo do Município de Araçatuba, Secretaria Municipal de Cultura- Fundo Municipal de Apoio à cultura-Conselho municipal de Políticas Culturais-Programa de Fomento a Cultura – 2013.
Marianice Paupitz Nucera – coordenadora do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Araçatuba e Membro da UBE (União Brasileira de escritores)
domingo, 17 de novembro de 2013
A noiva
É um dia de festa para toda família, reunida num ritual
comum.
Como todo casal pensa, foram feitos um para outro, até
quando? Não se sabe.
No momento tudo é alegria e também alegoria.
É a festa, a lágrima, o riso, tudo muito lindo como as fotos
coloridas.
Os noivos, os padrinhos, as damas de honra, a marcha
nupcial, tudo é emoção...sair da igreja...
A caminho da praça onde se tiram fotos...
O casal, um olhando nos olhos do outro, as mãos
entrelaçadas, alegria presente. Os flaxes brilham de um lado ao outro.
Reflexos que saltam das máquinas fotográficas.
Aos olhos mais incrédulos, não passam de relâmpagos ,
anunciando uma tremente tempestade.
O casamento, a ilusão ou o sonho, o filho já no ventre.
A moça de branco parece uma rainha, o noivo de preto, um rei
e tudo acontece.
A festa, a despedida a viagem assim se realiza mais um
casamento...
A União de dois seres
completamente diferentes.
Num canto qualquer da praça... um homem e uma mulher...
Um do lado, outro do outro, com uma música na cabeça:
_ “ Quem deveria casar com ele (a) era eu sim senhor!”
_ “ Quem deveria casar com ele (a) era eu sim senhor!”
terça-feira, 8 de outubro de 2013
É fome
Fim de dia. No terminal chega e sai
gente. Nos bancos de espera várias pessoas aguardam os ônibus de suas linhas. O
dia está sem luminosidade, como se estivesse prestes chover; um lençol de
nuvens empana o rei solar, como se o protegesse da translação terrestre. É um
dia como outro qualquer. A rotina diária, o chove não molha de pessoas que
tentam sobreviver, enfrentando a carestia da época.
Ouve-se uma buzina: é um
dos ônibus que tenta sair, mas quase atropela um pedestre distraído que estava
a fazer contas caminhando sem olhar pra frente.
De repente, um grito,
alguém diz:
_ Segure minha filha, estou passando
mal!
E a criança escorrega de suas mãos,
prontamente amparadas por mãos que, rápidas, seguram aquele serzinho, uma menina,
de no máximo um ano. Olha-se seu rosto, e se vê que é uma garotinha especial.
Entre os bancos as pessoas observam
o estado lastimoso da jovem. A curiosidade é do tamanho da incoerência humana,
é um vai e vem de carros nas ruas paralelas, é a impotência da atitude humana,
as pessoas sentem-se amedrontadas, por que será o desmaio?
A moça volta a si e grita:
_ Minha filha, eu quero a minha
filha!
E torna a desmaiar. Amparam-na.
_ É um colapso nervoso? - alguém
pergunta. Não houve resposta. A multidão se aglomera, é a curiosidade natural
do ser humano.
A pequenina é um grãozinho de areia
no meio daquela gente, mas alguém a segura. Hora de segurar firme, pois podem
levá-la, só tem a mãe ali, que no momento se encontra impossibilitada de protegê-la.
Os responsáveis pelo terminal chamam
ambulâncias, mas demoram muito prá chegar; a moça volta novamente a si e
torna a dizer:
_ Minha filha! Onde está minha
filha? – e novamente perde os sentidos. Esta mãe já acordou e desacordou umas
oito vezes.
A espera pelos socorros é
angustiante e a multidão começa a se revoltar. Ouvem-se gritos de um lado e de
outro.
_ Por que a ambulância não chega? – e a
pergunta fica sem resposta.
O desespero é total, todos observam
a moça que crava suas unhas nas palmas das mãos, dando a impressão de que ela
quer segurar algo, para se sentir segura. Continua desmaiada, a criança, um
anjo quietinho no colo de uma estranha, não chora, não tem noção da extensão da
dor da mamãe. De repente, acorda mais uma vez, pedem a ela o número do telefone
de alguém da família, e ela, muito nervosa, consegue pronunciá-lo: é o do
celular do marido. Ligam para ele que imediatamente sai da firma onde trabalha
como operário e chega ao local dos fatos. Assustado, segura a mão da esposa e a
acha fria; pega a bolsa da mulher e a criança.
Caminha,
como se fosse embora, sua atitude é de quem está transtornado, vendo sua cara
metade, ali jogada. Nisso chega a ambulância, e os paramédicos a examinam. A
situação da moça é realmente séria. Rapidamente, colocam-na no carro, mas o
marido está sem ação, quando alguém diz:
_ Vai, meu senhor, tem que ir junto,
até ao hospital. Ele sente–se impotente, sua mulher, mãe de sua filha, sendo
encaminhada para um hospital. A lágrima cai lavando sua alma de trabalhador, e
dentro de sua mente nasce um pensamento:
_ Ela não jantou ontem, e guardou o
dinheiro do ônibus, ida e volta para levar a filha à APAE.
Será que foi a fome? Mais uma
pergunta sem resposta.
A Anciã
A poderosa mente
humana, o que se quer, se consegue.
A rotina dela: varrer
as folhas que caem das verdes árvores existentes na frente de sua casa.
Todo dia, como diz
Chico: “ela faz tudo sempre igual.” Uma senhora de já seus oitenta anos vive
ali, naquele bangalô. Ela se sente feliz, pois sabe que seu marido foi até a
rua quinze de novembro assentar algumas portas, e voltará para o almoço, ou
para o jantar. Este é o seu foco.
A frase é dita para
qualquer pessoa que lhe faz a pergunta:
-A senhora mora
sozinha?
- Não, daqui a pouco
meu marido chega, ele está lá na rua XV assentando batentes, portas janelas, meu
marido é marceneiro, se quiser algum
orçamento deixe o telefone que assim que chegar ligará. A vizinhança muitas
vezes pensa é uma maneira de se defender da violência urbana.
Uma tarde do mês de
maio, em ano que já vai distante, se fez o casamento deste casal, em um sítio,
ela toda vestida da mais linda noiva, viu seu sonho realizar. era o dia de sua
união, com seu primeiro e único amor.
Os pais abençoaram aquele enlace,acontecido na igrejinha central
do sítio onde residiam, ninguém foi contra aquela união, era uma amor de almas
gêmeas , portanto deveria ser concretizado.
Muitos anos se
passaram, várias bodas foram comemoradas filhos, netos tiveram pais e avós
presentes, e também um bisneto teve o privilegio de conhecer os bisavós.
Alguns senhores sentados `a mesa de um bar que
se localiza de fronte a residência da anciã pergunta:
_Como esta senhora mora
sozinha nesta casa?
- Mas como
sozinha? _O marido dela está sempre a
trabalhar na quinze, aquela rua aqui perto. Ela
me disse isto!
Sabe amigo, há mais de
um ano seu cônjuge faleceu, e ela parou no tempo,ou voltou a época ele que ele
estava na ativa.
Quando alguém pergunta
sobre o marido, ela simplesmente diz:
_ Ele está
trabalhando...! Já , já chegará para o almoço...
Marianice Paupitz
Nucera (Coordenadora do Grupo Experimental da AAL) faz parte da UBE
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